10 de outubro de 2010

Uma menina...

Naquela janela mora uma menina repleta de sonhos e anseios. Sempre a vejo olhando pela janela a observar o mundo e a imaginar as oportunidades. Eu olho pra ela e imagino o que se passa em sua cabeça. O que ela pensa enquanto está admirando seja lá o que for. Só vejo seus olhos brilharem fazendo parecer que estão criando poesias e prosas sobre o que ela nem conhece. Eu a admiro, a invejo de uma certa forma. Mas não é uma inveja ruim, é uma forma de admirar, só que de um jeito diferente, já que eu nem sei quem ela é, nem a conheço, o que eu sei dela é apenas uma fantasia. Criei uma menina que sonha um dia poder viajar pelo mundo, que tem como ídolos pessoas que foram recriminadas pela sociedade por terem uma visão diferenciada e mais ampla pra época em que viveram. A personagem que eu criei é uma adolescente, ela é bonita e quer mudar o mundo. Ela é uma adolescente comum, como ela quer. Porém, as vezes, ela se sente como se ela não quisesse ser comum. Quisesse ser madura e bem resolvida. Ela parece querer ter uma opinião própria sobre tudo, mas ao mesmo tempo não quer ter opinião sobre nada. Ela se encaixa àquele trecho da música do Raul Seixas e prefere ser uma metamorfose ambulante do que ter uma velha opinião formada sobre tudo. Ela quer se vestir igual às outras meninas da sua idade, mas ao mesmo tempo não quer ser confundida na multidão. Quem é essa menina que tanto quer, que nem sabe o que pode ter? Ela quer andar pelo mundo concertando tudo de errado que for vendo pelo caminho. Quer ser uma pessoa querida pelos mais queridos. Quer inteligência e a admiração dos admirados. Ela quer viver um amor de Shakespeare e ter um oceano de experiências de vida e histórias pra contar. Quer abraçar o mundo e suas causas. Quer ser lembrada pelo que fez, cobiçada pelos homens, invejada pelas mulheres, causar polêmica e salvar tudo o que há para ser salvo. Ela quer ser tudo. Mas na verdade é só uma menina que eu nem conheço e talvez, inconscientemente, a minha ilusão sobre ela, seja o que eu sou mas nunca soube definir.

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