E então ela entrou no salão. Carregava consigo uma carga pesada e um olhar de quem está perdida e machucada. Seus olhares se encontraram e ele tinha uma expressão de quem estava esperando por alguma coisa, algum movimento de fraqueza ou de coragem. Esperando por algo dela, esperando o perdão, torcendo para que ela se rendesse à tentação, à paixão, mas ao mesmo tempo, enquanto ele acompanhava cada movimento dela, seu coração ia se encolhendo dentro dele, a esperança ia indo embora devagar, calmamente, parecia que alguém estava o desmontando como se ele não servisse mais, e guardando as partes restantes dentro de uma caixa que não se abriria nunca mais. Ele lutou tanto contra àquele amor, e quando finalmente admitiu e se entregou ao sentimento, ele sentiu estranhas borboletas em seu estômago, sentiu-se tão vulnerável e ao mesmo tempo tão vibrante mesmo achando que não tinha nascido para receber o amor de alguém, e que ele não era bom o suficiente para ela, mas mesmo assim se entregou aquele sentimento tão estranho pra ele. E ela, que por sua vez, sempre seguiu com tanta rigidez as regras impostas pela sociedade e se mostrou durona e forte perante a todos, se humilhou tantas vezes só para que conseguisse o tão esperado "eu te amo" dele. Tudo estava indo certo, parecia que os dois finalmente teriam o final feliz merecido, mas duas pessoas tão sádicas e crueis talvez não merecessem estar tão felizes. Ou talvez só merecessem estar felizes se fosse juntos, porque os dois se mereciam e precisavam um do outro. Mas parece que o destino não colaborou muito, ou então eles não conseguiriam mesmo fazer aquela maturidade render e aquele amor não poderia falar mais alto que suas origens maléficas por muito tempo, e de repente o amor não era mais incondicional, talvez até fosse, mas ela não aceitava mais que fosse. E ela lutava contra aquele sentimento com todas as suas forças, sabia que não era o suficiente, mas ela não gostava da pessoa que ela se tornou junto a ele. Ela sabia que aquela era ela, mas ela fugia da realidade ferozmente, e isso poderia ser um ato de amadurecimento, ela não queria regredir. Não queria ser fraca. Apesar dele ter aceitado ser "fraco" para admitir o amor por ela.
Seus olhares continuavam a se encarar, e uma lágrima escorreu por seu delicado rosto. Era o retrato de seu coração. Ele havia quebrado seu frágil coração e ela não podia aceitar aquilo.
Ela tomou a iniciativa de desviar-lhe o olhar, hesitou por um instante, parecia que ele ia fazer algo pra que aquilo não acontecesse, ele sabia que eles não teriam outra chance. Mas pra ela, eles já não tinham mais. Ela se virou e ficou parada por alguns segundos, pedindo, gritando calada para que ele fosse atrás dela. Ela olhou pra trás para ver se ele continuava parado, e sim, lá estava ele, mais uma vez se acovardando. Basta. Ela foi embora, e dessa vez foi pra sempre.
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